segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Política: voto de cultura

Mais um artigo brilhante de minha corrente Danival Dias*. Aproveitando o período sugestivo, cultura é política também!
Apesar de adorar política, estava reticente em tecer qualquer tipo de comentário sobre o próximo pleito municipal, mas não resisti, ainda mais depois de ter assistido (e rido muito) com a performance de alguns candidatos na propaganda eleitoral da TV.
Sem citar nomes é óbvio, vi que tem candidato artista, candidato chorão, candidato sujão (que polui a cidade com cartazes nos postes, com suas caras, na maioria das vezes não muito bonitas), candidato sem noção, candidato ‘vira-folha’ (que já apoiou A, mudou para B e agora apóia C), candidato rico, candidato milionário, candidato pobre, candidato miserável, candidato profissional em ser candidato (toda eleição se candidata e não ganha nunca), candidato ‘eu já fui’ (que um dia já ganhou, agora não consegue ganhar mais), candidato ‘já ganhei’, candidato ‘Lombardi’ (sei que existe, mas nunca vi) e por aí vai...
Confesso que estava curioso para ver como seria a primeira eleição municipal, após a modificação da lei eleitoral que proibiu durante a campanha a distribuição de brindes – camisas, bonés, canetas, bolas, bolsas e afins – e que proibiu também a realização de comícios com shows, os chamados ‘showmícios’. Particularmente acho que isso torna a campanha mais igualitária, pois, seria difícil para um candidato pequeno e sem recursos, competir num evento em número de pessoas com um candidato mais abastado, que trouxesse para seu comício um show da Ivete Sangalo, por exemplo.
Comício tem que ser local de exposição de metas e idéias, não de show de música. Se bem que quando eu era adolescente, ia para quase todos, independentemente de que partido fosse, claro que como 80% dos presentes, muito mais por causa da banda ia tocar após a falação, do que pelos candidatos propriamente ditos. Naquela época eu ainda não tinha noção do quão importante era guardar as promessas dos candidatos, para poder cobrá-los depois a sua realização.
Livramos-nos também dos outdoors com os sorrisos amarelos, mas as mudanças na lei eleitoral poderiam abranger também a proibição dos barulhentos carros de som (trabalho no centro da cidade e é impossível atender ao telefone quando os carros inventam de passar, as dúzias, pela porta da repartição). É sempre muito difícil contar com o bom senso dos condutores e quase sempre eles passam dos limites. Recentemente participando de uma seleção pública numa manhã de domingo, contei nada menos do que nove carros de som atrapalhando a concentração dos que faziam prova junto comigo! E quem trabalha de turno e é acordado? E quem está hospitalizado?
Em Camaçari existe até bicicleta, triciclo e moto de som, todas com aquelas musiquinhas e paródias de gostos e composições duvidosas, algumas no estilo ‘lavagem cerebral’, anunciando os números e as ‘boas novas’ dos postulantes aos cargos de vereador e prefeito. Tem ainda toda a poluição visual causada pelas pichações nos muros da cidade e que quando passa o período eleitoral, ninguém lembra de apagar seus nomes e números dos muros alheios, principalmente se tiver perdido a eleição...
Alguns candidatos andam me importunando até em casa, por minha caixa de correspondência. Até antes do período de propaganda eleitoral, já que ninguém mais escreve cartas uns para os outros, tudo agora é e-mail, as únicas correspondências que eu recebia eram os boletos de cobrança do banco e as contas de água, energia elétrica, telefone, IPVA e IPTU; mas agora, minhas contas têm que disputar espaço dentro da caixinha com os ‘santinhos’ dos candidatos!
Será mesmo que o indivíduo acha que vou votar nele por que cheguei do trabalho cansado e encontrei a sua cara estampada num papel colorido jogado dentro de minha caixa do correio, com um número abaixo e os dizeres ‘VOTE EM MIM’? Esquecem-se eles que estamos nos tornando mais criteriosos, que o controle social está aumentando e a consciência de que SOMOS NÓS QUE MANDAMOS também!
(*) Danival Dias é acadêmico do curso de Bacharelado em Direito, do curso de Licenciatura em Letras, servidor público concursado do Governo do Estado da Bahia desde 1997 e contador de ‘causos’ e ‘piadas repetidas’ entre os amigos nas horas vagas. É colunista do jornal Camaçari Notícias e publica suas histórias (e estórias) periodicamente em www.tabica.blogspot.com. E-MAIL: danival.dias@gmail.com, MSN: daniborozinho@hotmail.com

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